E afinal, como foi a chegada?

Como muito portuguesa que sou, deixei as preparações todas para o fim. Isto significa que só no dia em que me vim embora é que comecei a fazer as malas, umas quatro horas antes. Foi também só aí que realmente senti que me vinha embora porque até então não tinha sentido rigorosamente nada, simplesmente parecia que não ia acontecer. Não porque estivesse com imensa vontade de vir já que nas últimas duas ou três semanas, para não ajudar, sentia-me lindamente em Lisboa. Sintoma do medinho de sair da zona de segurança? Check! Mas sei que se tivesse ficado me iria arrepender por estar a deitar fora algo que sempre quis e, além disso, sentir-me-ia um pouco perdida por estar tudo nas aulas ou a trabalhar. Se não arranjasse ocupação rapidamente, aí então é que era a morte da artista.

Mas bom, ao final da tarde desse quente Domingo, cheguei à minha nova terrinha. E aí sim, foi o pânico total. Só me apetecia chorar e perguntava-me constantemente "mas que raio estou eu aqui a fazer?". A mãe não ajudava, o que mais queria era que eu desistisse da ideia. Não teve sorte. O meu feitio não me permite desistir de nada muito menos depois de ter assumido responsabilidades para com a escola e o ministério. Teimosia, persistência... seja o que for, não me deixa dar parte de fraca. Depois de dormir sobre o assunto, acordei muito mais confiante e sabia perfeitamente que tinha tomado a melhor decisão. Entretanto conheci as duas companheiras de casa mas costumo falar apenas duma por ser uma querida e porque falo bastante com ela. A outra nunca aparece e sinceramente até prefiro assim.

Na primeira semana tratei logo de todas as formalidades. Abrir conta, pedir o NIE, ir apresentar-me na escola e pedir logo horário e calendário de férias e feriados. Nessa mesma semana tive formação de dois dias, em Cáceres, onde explicaram tudo o que era preciso fazer... e que eu, afinal, já tinha feito! Nestas coisas até deixo a preguiça de lado...