sábado, 26 de maio de 2012

Obrigadinha, subconsciente

Uma pessoa passa horas e horas à volta de bons pensamentos. À volta de música simpática à qual o meu ouvido se está a habituar. À volta de vídeos inspiradores e de conversas aprazíveis. E pensamos cá para nós que "bom, se o subconsciente estiver a acompanhar o consciente, isto hoje vai correr bem". E o que é que o subconsciente me faz? Põe-me a sonhar com o Benfica. Precisamente hoje, o meu subconsciente põe-me a sonhar com o maior de Portugal pela primeira vez. Isto seria óptimo se não estivesse em pleno estádio da Luz a assistir a mais um derby contra o clube do norte. E se não estivéssemos a ganhar por duas bolas a uma até que o árbitro (aposto que foi o Proença) decide marcar um fora-de-jogo inexistente ao Cardozo que ficaria completamente isolado. Mas calma que ainda há melhor! Depois disto o que é que podia acontecer? O Porto vai à nossa área e marca, claro está. Tenho uma memória futebolística completamente horrível mas se isto não aconteceu já, aposto que aconteceu parecido... ou vai acontecer na próxima época, caso o subconsciente acompanhe pelo menos o meu sexto sentido. Ainda assim consegui achar piada ao sonho por estar no estádio e ter acesso à repetição onde se vê que o Cardozo tem um metro (ou quase) de atraso para o pé do cepo que devia ser o Maicon. Um metro!!! Nunca tinha visto uma repetição tão boa. 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Salamanca e Mérida

Ora e cá estamos de volta ao modo diário. Pelas mais variadas razões, a menina não tem viajado tanto quanto gostaria. Muitos dos destinos ficam a longas horas de distância e a verdade é que apesar de gostar de viajar sozinha nunca tive grande vontade de fazer tantas horas de autocarro sem qualquer companhia (isto porque companheiros de autocarro estranhos não contam). "Pussy!", diria o Nandes. Os americanos já correram tudo e mais alguma coisa e não param um fim de semana em casa. Eu cá não tenho contas de pais ricos com as quais me possa governar mas sou europeia portanto eles é que são praticamente obrigados a aproveitar tudo já.
No fim de semana de 19 de maio tive novamente a visita da Rita que já tinha vindo em outubro para nos fazermos à estrada até Sevilha. Desta vez veio na quinta e ainda teve tempo de conhecer o meu local de trabalho e de me acompanhar na única aula do dia que se baseou em paleio entre nós, os alunos e o Jacques.
Na sexta lá nos dirigimos para Salamanca para passar apenas uma noite por já não haver hostels disponíveis, o que acabou por ser benéfico pois é uma cidade muito central e tudo o que é de interesse vê-se rapidamente. A viagem fez-se bem nas cinco horas de constante sono. Um pormenor a reter é que o norte de Espanha é uma zona muito bonita e que merece ser vista. Como o norte de Portugal, claro. Bem gostava de ir mais para cima, incluindo até à Galiza, onde as relações com Portugal são amistosas, onde se come bem e onde se diz "Xunta de Freguesia". Com o tempo tivemos sorte, na sexta não choveu.
Deparamo-nos com alunas portuguesas de Erasmus logo à saída da estação e o hostel não foi demasiado complicado de encontrar. Até tivemos a ajuda de uma senhora que veio atrás de nós para comprovar que chegávamos ao destino sãs e salvas. Apesar de ligeiramente enganadas, já que a wc devia ser dentro do quarto e não era, obrigando-nos a partilhar com outro quarto, só nos queríamos ver livres das coisas e ir comer. E de qualquer forma, se quiséssemos bater o pé não teríamos para onde ir (espertinhos...).
As dicas e o mapa oferecidos pelo dono do hostel foram uma boa ajuda e levaram-nos a um restaurante tipo tasca (mas mais limpinho e com mais espaço) perto da Avenida de Portugal (what else?). Gostámos tanto da comida e do atendimento que decidimos imediatamente voltar no dia seguinte (ide comer aos Los Faroles!) e já de estômago bem aconchegadinho seguiam-nos longas caminhadas pela cidade.
Ao início não custou nada, para descer todos os santos ajudam. Apercebemo-nos facilmente que Salamanca tem bom ambiente e boa arquitectura. Ou seja, é uma cidade espanhola normal. Uma das cidades universitárias espanholas por excelência, imaginei desde logo que deve dar gosto estudar por lá. E claro, não faltam igrejas e Catedrais (a Velha e a Nova) com fachadas tão espectaculares que qualquer pessoa pode apreciar e ficar boquiaberta sem sequer pensar em religião. Deu também para ver que é uma cidade com um comércio local invejável e que não podia deixar de ter uma grande e lindíssima praça, desta vez a Mayor e não a de Espanha, como em Sevilha. É daquelas onde apetecer estar sentada no chão no chill out (a menos que chova...).
Mais do que descrever, que é coisa que me agrada pouco, é preferível ir deixando algumas fotos tiradas com a fabulosa Nikon da Rita (e pela Rita que o meu jeitinho é pouco).










Da noite vimos pouco porque preferimos aproveitar o dia e limitámo-nos a dar outra boa volta pela cidade. Noites de sextas não serão com certeza as mais animadas pois é quinta a noite de estudantes e sábado terá sempre mais movimento mas não deixa de ser uma cidade espanhola (o que significa imensa vida nocturna). Durante toda a estadia demos de caras com umas quantas despedidas de solteiro.



A chuva acabou por dar um ar da sua graça no dia seguinte mas nada que nos tenha proibido de dar uma última (e novamente grande) volta pela cidade. Ainda deu para entrar no Convento de San Esteban (que tem a minha fachada preferida e no qual chegámos à conclusão que tanta riqueza daría para pagar as dívidas espanhola e portuguesa) e tivemos inclusivamente tempo de fazer tempo.
Almoço foi aproveitado para comer umas belas tapas e ter um pequeno percalço com a prova da sidra que troquei imediamente por um ice tea deixando a Rita encarregue de beber a garrafa toda (que não bebeu).
A hora da siesta lixou-me a compra do típico íman para o frigorífico mas um senhor simpático tinha a loja aberta na estação para me safar.
As viagens acabaram por não custar muito e no domingo ainda deu para ir a Mérida para contemplar o património romano (sim, eu passo a vida em Mérida mas só agora fui tratar disso).




quarta-feira, 25 de abril de 2012

Crónica de um lugar mal escolhido

Entras no autocarro já com a noção de que não está nem metade cheio. "Boa!" pensas tu, "assim estou à vontade". A parte direita do autocarro (da perspectiva de quem entra) tem os assentos para uma só pessoa. Olhas para o primeiro, vazio, provavelmente a melhor escolha dada a vista privilegiada. Mas tu mereces mais e podes dar-te ao luxo de ocupar dois lugares, a mala e o casaco ao lado dão sempre um conforto especial que por alguma razão desconhecida os assentos abandonados do lado direito não dão. Passada a decisão rápida de não ficar pelo primeiro assento decides avançar. Os passos são largos, fortes e decididos e a análise é feita numa questão de microsegundos. A troca de olhares entre ti e os restantes passageiros é tão curta que mal te apercebes se há ou não um lugar perfeito por ali. É o íman, é sempre o íman. O íman invisível e estúpido que te lixa sempre as viagens. O íman que te compele vigorosamente a ir para a parte traseira do autocarro e que te impede de teres uma viagem ligeiramente mais agradável.
Sentas-te praticamente ao final, atrás de duas senhoras que vão a descansar os olhos, sinónimo de um simples "estar a dormir" e frase sempre usada pela tia que tem problemas conjugais com a verdade. Reparas que as senhoras são duas lésbicas gordinhas, de meia idade, e que a da esquerda acaricia com movimentos constantes os pés da amante que ressona baixinho. Pensas imediatamente em mudar de lugar mas não o fazes. Parece que há sempre alguma coisa que te impede, uma vergonha, um medo qualquer. É como se fosse um crime pelo qual terás de pagar mais tarde.
Pegas no jornal Marca que compraste hoje pela primeira vez e que já tinhas começado a ler na estação e pensas que está tudo bem. Hoje não tens a companhia dos Dire Straits, os aparelhos tecnológicos teimam em tramar-te a vida quando precisas deles, mesmo que isso seja pouco frequente. Tudo bem na mesma. Hoje é dia de Mourinho e Ronaldo e poucos adeptos madrileños terão mais do que isso na cabeça. És do Benfica e não estás particularmente entusiasmada com o jogo mas apeteceu-te escrever isto.
Apercebes-te que a acariciadora profissional de pés se lança sobre a sua bela adormecida gordinha e colocas o jornal à frente, estrategicamente, como quem não quer a coisa. Discrição é uma das tuas virtudes. Não que conte muito para ti ou para as senhoras que dão um beijo apaixonado mesmo nas tuas barbas mas gostas de manter a postura. Não tens qualquer problema com homossexuais, farias o mesmo com um casal hetero. Ou com um casal de gays gordinhos de meia idade.
Separam-se finalmente e voltam a dormir. A que está à tua frente volta a ressonar, agora com bastante mais força, e não percebes como é que alguém consegue adormecer quase instantaneamente. Talvez porque bebeste uma bica em Badajoz. Sim, uma bica... e das boas. Mas não conseguem nunca ser melhor do que as nossas.
Despachas as partes do Real e do Barcelona, que ocupam metade do jornal, e páras de ler. Finalmente conseguiste ler durante um bom bocado sem que aparecesse aquela companheira chata que muitas vezes dá o ar da sua graça: a dor de cabeça.
Dás-te então conta que já há vários minutos que o vizinho de trás te está a incomodar com as pernas quando nem sequer tens o assento mais para trás. Perguntas-te se não será apenas uma partida da tua imaginação mas tens vontade de olhar para ele e começar com o "oh amigo, desculpe lá..." que tanto gostas de usar mas que raramente pões em prática. Provavelmente teria de ser em espanhol e não te apetece, muito menos quando já estás em terras lusas.
Lembras-te de uma viagem Lisboa - Badajoz em que um indiano estranho, num autocarro praticamente vazio, passou três horas a olhar para ti desde os assentos ao lado. Claro que mantiveste a postura e não olhaste uma única vez. Mas aí tinhas os Dire Straits e estavas, como sempre, completamente focada em tão magistral pedaço de arte musical. Aí dormitaste várias vezes, não tinhas bebido café. Pelo menos não do ponto de vista português já que do espanhol tinhas bebido café ao pequeno-almoço (ver post anterior).
Já pensaste em mudar de lugar umas boas dez vezes mas continuas na cepa torta mesmo enquanto a senhora continua a ressonar, cada vez mais sonoramente e com uma ligeira junção ao som daquilo que deve ser a sua saliva a saltitar algures entre o nariz e a boca. E com o assento praticamente em cima de ti. Enoja-te um bocadinho.
Falta uma hora de viagem quando finalmente mudas de lugar e voltas ao jornal. O lugar solitário acabou por se tornar bem mais confortável do que os outros. Mais uma prova de que tudo depende da perspectiva.
É precisamente nessa altura que começa a chover algures no Alto Alentejo. Não percebes se é questão de sorte, se todos os viajantes de autocarro são estranhos ou se és tu que escolhes sempre mal o lugar mas sorris. É mais uma viagem que não custa a passar, já estás habituada. E estás a chegar à tua Lisboa.
Voltas a sorrir.

A coisa está agreste

Não és tu, sou eu. Não és tu, suposta falta de tempo, que me impedes de escrever. Sou eu que sou incapaz de manter um blog durante um período de tempo minimamente aceitável. Chego a uma altura em que me custa muito meter cá o pézinho - a não ser que seja para ver se tenho mais uma visita ou duas, nisso sou assídua (talvez até demasiado) - e só penso em apagá-lo. Aliás, creio que todos os blogs que já tive acabaram por ter um post destes. Mas este não é para dizer que vou apagar isto até porque não faz sentido apagar uma coisa que quero realmente ler daqui a uns tempos (e quem sabe guardar para os netinhos que vão achar super exótico estar a morar perto da fronteira; se os putos de agora já se interessam por muita coisa, nem quero imaginar daqui a 50 anos).
Já ouvi uma vez ou outra que devia ser jornalista e que devia escrever um livro mas com tanta preguiça acabaria por morrer à fome se estivesse à espera dos rendimentos do livro que tardaria demasiado a surgir. Escrever mal penso que nem escrevo e até posso ter alguma piada e tudo (hmmmm) mas até que chegue a disciplina nada feito. Jornalista? No máximo seria apresentadora das Tardes da Marta, programa no qual teria liberdade para dizer as mais variadas baboseiras (ou seja, fazer o que estou a fazer aqui mas com mais classe pois estaria maquilhada e teria o prazer de conhecer a Iva Domingues, o Manuel Luís e a Cristina Ferreira). Ou jornalista da Benfica TV, aí teria todo o gosto e mais algum (principalmente se me deixassem entrevistar esse nosso craque de seu nome Emer... Aimar).
Faço promessas e digo que tenho muito para escrever e depois é esta pouca vergonha. Vou a Salamanca no fim de semana e nada. Ainda hoje não percebo como é que fui a Sevilha em outubro e não escrevi sobre isso (visitem Sevilha, a sério!). Ainda por cima tenho a certeza que há pessoas que vivem disto, que sem um post meu ficam como um cão sem osso, um "neném sem chupeta" e como Noé sem a sua barca (e todos nós porque se não fosse a barca não andaríamos por cá a viajar, a ver concertos e todas essas coisas giras). Até porque podia realmente escrever todos os dias já que me deparo constantemente com pormenores engraçados. Podia por exemplo fazer uma dissertação sobre o piadão que acho ao facto de nós portugueses nos referirmos a café como a nossa bica, fortezinha a marota, enquanto os espanhóis se referem sempre ao leite com café. É que isso para mim nem é café, caraças! Quando me perguntam se bebo muito café eu não conto com as vezes que bebo o leitinho com café ao pequeno-almoço! Ah, as diferenças culturais... 
Pelo menos aprendo com os erros e da próxima vez que emigrar vou andar sempre com um bloquinho na mala. Vou até tentar fazê-lo no pouco tempo que me resta por aqui mas sem promessas que para isso já basta a minha mãe com a sua Nossa Senhora de Fátima. Agora é hora de ir para Lisboa e parece-me que mais uma vez vou levar o mau tempo. Abril amigo, vê lá se te decides... chuvinha é boa e os agricultores precisam mas não pode ser entre a uma e as oito da manhã? Aguardam-me a feira do livro, o teatro, o cinema, a família, os amigos... o bom de sempre, basicamente. Só não me aguarda o Benfica porque não joga em casa e até é melhor assim que para esta época já chega de desilusões. 
Até já, Lisboa!


P.S.: Não sei o que se passou mas finalmente consigo levar uma mala não demasiado cheia e não andar com um saco de plástico da Bershka ou da Décimas atrás. 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sem título

As férias já lá vão. Não souberam a pouco mas também não souberam a muito. Apetecia-me ficar, apetecia mesmo. Estou bem em Espanha, gosto da independência, das pessoas que encontrei, dos alunos... estou perfeitamente bem aqui. O normal talvez fosse ficar e tenho-me lembrado bem das conversas com a menina Sara há praticamente um ano atrás. Dizia-me ela para comprar logo casa em Elvas por serem baratas e ficar perto daqui. Ambas fizemos conjunturas sobre o futuro de cada uma em género de aposta e, tal como prometido, irei em breve apresentar-lhe a conversa que gravei precisamente para não nos esquecermos de comentar o assunto um ano mais tarde. E agora já acho que não me enganei muito. A Sara dizia que eu ia ficar por cá e continuar a estudar também cá. Eu estava bastante convencida de que iria voltar e já com ideias mais definidas para continuar com os estudos. Já tive ideia de ficar, como se pode ler em alguns posts, mas acho que Lisboa chama por mim. O próximo investimento académico parece já estar decidido e não envolve Ensino. Depois de tanta reflexão, já era hora. E é também hora de aproveitar o resto da experiência que tem sido tão enriquecedora.
E de ganhar inspiração para os próximos posts.

sábado, 31 de março de 2012

Um rápido catch up

Juro que até tenho andado com vontade de escrever mas o tempo não me deixa. A sério, é ele! Finalmente voltei a casa e desta vez estava realmente a precisar de estar com a família e amigos. E é principalmente a isso que me vou dedicar até dia 10, à visita a todas as "aldeias". Nunca é fácil ter tempo para tudo e apanhar toda a gente mas acredito que vou conseguir. 
Hoje é dia de convívio futebolístico e de apoio ao clube do coração que ainda não me deixou ficar mal das nove ou dez vezes em que visitei a Catedral. Portanto é bom que não seja hoje a primeira vez em que isso acontece. Carrega Benfica!
Por Espanha tudo vai bem e irei actualizar isto como deve ser em breve, com um post que já devia ter sido escrito há imenso tempo. Fica o elemento surpresa no ar.
Aproveito para dizer que comecei a fazer uma coisa que nunca tinha feito. Um puzzle! Já há algum tempo que andava com curiosidade mas acabava por me esquecer de comprar... até ao dia em que ganhei um (obrigada Danilo!). É do Estádio da Luz e tem 900 peças. Desejem-me sorte!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia da Mulher

Hoje é um bom dia para escrever umas linhas pois além de ser dia da Mulher (um viva para todas!) também é o dia em que faz um mês desde que escrevi pela última vez. Desta vez organizo por partes e não por dias porque foram muitos sem escrever e a memória já não apanha tudo.
Escola: Vai optimamente bem, sem dúvida. Sempre a melhorar e mais à vontade, dos alunos recebo apenas coisas boas. Cumplicidade, interesse, sorrisos, gargalhadas... agora sim começo a perceber perfeitamente a história dos professores acabarem por gostar da sua profissão. Ainda não sou capaz de explicar bem mas uma sala de aula é um mundo pequenino no qual muito se pode ensinar, aprender, partilhar... como em muitos outros sítios, sim, mas essas salas podem ser bastante especiais, ter uma dinâmica bonita. Sempre gostei imenso delas como aluna e estar do lado contrário afinal não é nenhum bicho de sete cabeças quando se deixa o medo e as inseguranças para trás. E porque no fundo nunca deixo de ser aluna... nenhum professor pode ir para uma aula a achar que não poderá ser surpreendido com alguma coisa.
Bom, ontem foi precisamente um daqueles dias em que as aulas correram mesmo mesmo bem portanto sou suspeita. Crises do "ai que agora estou insegura" já não aparecem há carradas de tempo. Podem eventualmente aparecer mas em doses bastante moderadas e sou capaz de disfarçar e esquecer isso rapidamente. Tocou-me falar sobre a tradição académica em Portugal numa das aulas e deixei-os super interessados pela coisa. Em Espanha até há Tuna, foi precisamente em Santiago de Compostela que surgiu, mas por cá parece que não se faz grande coisa. E ontem fiquei babada porque uma aluna que nunca tinha visto por ainda não estar muito com os primeiros de básico disse que eu era muy salá. Nem sei se era suposto ouvir porque disse para a colega mas uma das coisas que também vou melhorando é o ouvido, que bem preciso para apanhar aquelas falhas de vocabulário e de pronúncia que os "meninos" têm. (Tanto ouço "meninos" que acabo por chamá-los precisamente assim e é um piadão porque tenho sempre muitas pessoas com mais de 40 à minha frente, e até de 60 e tais!). Bom, e o que é salá? Vem de sal e quer dizer muitas coisas... todas boas! Portanto, sou uma pessoa com sal... bonita, agradável, simpática... que cai bem. Custa-me traduzir o cae bien mas acho que se pode traduzir literalmente. Fartamo-nos de rir com isto, e devo ficar muitas vezes corada também, porque muitas (muiiiiiitaaaaas) vezes pergunto se conhecem uma palavra e dizem-me que em espanhol é igual... ou seja, quem está mal sou eu com o vocabulário do espanhol, eles estão na maior!
É verdade que mesmo com mais alguma preparação continuo a trabalhar mais à base do improviso. A diferença que noto não é na preparação mas sim na qualidade do improviso... com a experiência só podia evoluir desta maneira. Dei-me conta que, além da boa preparação das aulas que os professores têm obrigatoriamente de fazer, o improviso acaba por jogar um papel muito importante na equação. É importante saber gerir a aula, com muita ou pouca improvisação, mas por muito bem que se prepare, o rumo das aulas pode sempre mudar, e geralmente muda, principalmente com gente madura e interessada que não se limita a ir ouvir ou a estar por obrigação. Por muito bem que se prepare não se pode nunca preparar cada palavrinha que se vai dizer, tem de haver espaço para a criatividade.
Futebol: Uma autêntica craque, já ninguém me pára! Vá, estou a exagerar. Já não me lembro de quantos jogos fiz mas acho que foram três. Cinco minutinhos no primeiro, na defesa. Vinte e cinco noutro, na ala esquerda. Quarenta e cinco no último, finalmente como delantera. Perdemos sempre. Mas não jogamos assim tão mal, falta é qualquer coisa, mais linha de jogo, menos medo de ter a bola e mais capacidade de mantê-la. Ainda fiz uns dois remates mas o raio da bola não entrou. Entrou ontem finalmente, no jogo de treino. Não é oficial mas senti-me bem, dá sempre alguma confiança até porque treinamos juntamente com as da 2ª divisão. Foi canto e a menina prefere ficar ao segundo poste feita lambona porque gosta mais de tentar ficar com as sobras. Sobrou, dominei um pouco trapalhona, bateu no chão e lá mandei um tiraço na diagonal com o peito do pé que foi bem ao canto superior direito. Lembrei-me agora que foi quase isto com a diferença de ter sido com o pé direito e de ter batido uma vez no chão mas foi tão rápido que até eu fiquei surpreendida, foi sem pensar. Se for esse o truque espero conseguir deixar de pensar quando apanho a bola dentro da área!
Amigos: Não me posso mesmo queixar, encontrei boa gente por aqui e sei que precisando de alguma coisa tenho com quem contar. A Nathalie, o grupillo, a Mari-colega-de-casa-fixe... tive sorte! Eu e o grupillo combinamos coisas constantemente e começámos inclusivamente com as nossas saídas para o campo. Que bela caminhada fizemos no fim de semana passado. O sítio ajudou, era lindíssimo! Para quem goste destas coisas, vale bem a pena visitar o Parque Natural de Cornalvo.








Línguas: Óptimas! O meu inglês soa cada vez mais americano mas quanto a isso não há muito a fazer a menos que vá viver para Londres ou Dublin durante uns tempos. O que interessa é que me sinto a falar bem e os professores de inglês acham o mesmo porque ouvi dizer que andaram a comentar isso. No espanhol às vezes tenho dúvidas parvas de insegurança e algumas falhas a nível dos verbos e da pronúncia mas não me parece que isso lixe o bom nível que dizem que tenho. O francês por vezes dá problemas, já quis deixar mas sempre que me lembro do dinheiro que gastei no ano passado apago a ideia da cabeça. Ganhei novo alento e comecei a estudar um pouco em casa. Não queria parar com o investimento no francês mas tenho muita vontade de estudar uma completamente diferente que já estou farta das latinas. Em princípio começo com mandarim ou alemão ou russo lá para setembro.
Viagens: Não sei se o dinheiro chegará mas o tempo por cá está a acabar e com o futebol acabei por não viajar tanto quanto queria. Não me arrependo, há tempo para tudo. Sendo assim, é provável que vá a Berlim em junho e como devo ficar uma semana ainda devo visitar mais algumas cidades do norte da Alemanha. Quero também ir pelo menos a Córdoba, Granada e Salamanca e sou bem capaz de aproveitar a ponte do dia do trabalhador para ir a Granada que é a que fica mais longe. A semana da Páscoa é para ir a casa fazer montes de coisas incluindo ver o Benfica que já sinto falta das cantorias que me deixam sem voz, dos convívios e da bifana gordurosa da Aida e Silva. Teatro, cinema, Praça do Comércio e Martinho da Arcada, tosta mista... hmmm...
Planos para o futuro próximo: Continuo sem saber o que fazer com a minha vida. Tenho mil ideias diferentes que correm fervorosas dentro da minha cabeça como o sangue me corre nas veias (isto é só para dar mais vida ao post) e não consigo chegar a nenhuma conclusão. Posso ficar cá mais um ano, caso digam que sim à renovação, posso tentar o Instituto Camões caso abram vagas, posso ir para outro sítio pelo Serviço de Voluntariado Europeu ou qualquer outra coisa, posso voltar para casa e mandar currículos para uma data de coisas em que gostava de trabalhar (como o Museu Cosme Damião - que espero que esteja a ficar espectacular!) e quiçá começar um mestrado ao mesmo tempo, sei lá eu em quê... posso optar por Ciências da Educação e começar a trabalhar na ideia maluca que tenho de conseguir mudar o nosso Ensino mal gerido e estruturado... ou começar outra licenciatura, em Gestão, por exemplo. Que faço eu à minha cabeça? Quem me manda gostar de tanta coisa e querer tanto ao mesmo tempo? Vivo um dia de cada vez e aproveito cada momento mas faltam menos de três meses para acabar o trabalho e as coisas não estão propriamente famosas para deixar tudo para a última da hora. Acho que o que vou fazer é começar a preparar currículos e cartas de apresentação como deve ser e mandar para todo o lado, procurar outras coisas no estrangeiro e renovar com isto. Dependendo das respostas (ou falta delas) talvez se torne mais fácil decidir.
Fora isto, além de começar a aprender outra língua, planeio começar a aprender a tocar baixo (sozinha). Não sei se poderei trazê-lo mas estarei por Lisboa no verão (pelo menos a maior parte dele, digo eu) e quero começar que já está na hora. Há também um projecto que pode precisamente começar no verão mas sobre ele não vou adiantar nada por agora, é surpresa.
Espanha: Gosto cada vez mais de ir conhecendo a cultura espanhola. Sinto-me bem aqui, o grupillo ajuda bastante na transmissão da sua cultura... e eu, orgulhosa, transmito também um pouco de nós, um pouco de Portugal. Quero ver o mundo mas não esqueço nunca o meu cantinho. Cantar Romana e Marco Paulo no meio do campo em Espanha? Foi a primeira vez mas não terá sido a última!
Sou mulher, sou feliz e gosto imenso da minha independência. Aproveitai que houve quem tivesse (e muitas ainda têm) de lutar muito por ela. Feliz Dia das Mulheres!