segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Anda por aí uma jovem...

Que por acaso tem o mesmo nome que eu e faz coisas que eu gostava de fazer, mais nomeadamente mandar uns bitaites num jornal desportivo. A moça faz questão de pisar muito os calcanhares do Cardozo (jogador do Benfica), pois parece que nada a convence, mesmo depois de todas as provas e mais algumas, que o rapaz não é nenhum cepo. Anyway, não me importava nada de trocar de lugar com a Marta Rebelo, até porque acredito que percebo mais da coisa do que ela; era só fazer uma troca estratégica e já está, ficava toda a gente a ganhar com a súbita ausência de crónicas estúpidas sobre a "azelhice" do Cardozo. "Oficialmente" só escrevi uma crónica que me lembrei de deixar por aqui só porque sim, para aproveitar que ando com a pancada do futabole.

Fábio Coentrão e Ángel Di María. A história destes dois jogadores já muitos conhecem. O que nem toda a gente sabe é que, apesar de terem um passado semelhante, até à chegada a Madrid estes futebolistas não passaram pelas mesmas brasas no que toca a oportunidades. Dí Maria chegou cedo ao Benfica e teve desde logo todas as hipóteses para evoluir dentro do clube. O mesmo não se passou com o nosso português, da mesma idade, que andou na baila entre empréstimos durante algum tempo até poder finalmente mostrar as suas qualidades. Chegou ao Real Madrid, é verdade, mas um ano mais tarde.

A tendência que o nosso país tem para valorizar o externo em detrimento do interno é gritante e isto é facilmente comprovável ao vermos a quantidade de jogadores portugueses que os três grandes de Portugal apresentam no seu plantel. O Sporting Clube de Portugal é quem mais valoriza as suas camadas jovens. Contudo, valoriza cada vez menos. Se em tempos de crise um dos “truques” para a recuperação é a aposta no aumento das exportações e diminuição das importações, por que não fazer o mesmo no futebol? Para quê continuar a gastar se muitas vezes há boas (e talvez melhores) soluções dentro das nossas fronteiras?

A prestação da nossa selecção no mundial Sub-20 corrobora esta teoria que tanto tem sido discutida pelos adeptos portugueses. Os “miúdos” pelos quais ninguém deu nada, já que ninguém acreditou que chegassem longe, acabaram por dar a todos uma bela chapada de luva branca quando, merecidamente, chegaram à final da competição.
Entre os mais destacados da equipa das quinas surgiram dois benfiquistas. Mika, eleito o melhor guarda-redes do torneio, descansou os corações mais fervorosos chegando à final sem sofrer qualquer golo e mostrando fibra nos penáltis dos quartos-de-final, contra a Argentina. Na extremidade oposta do campo foi Nélson Oliveira quem deu cartas acabando por conquistar a Bola de Prata, atribuída ao segundo melhor jogador do torneio. Ninguém desmente que é diferente chamar a atenção em competições de Sub-20 e em competições de seniores, nas quais já se vêem jogadores totalmente formados. Mas uma coisa é certa, olheiros com blocos de notas não faltaram e se houve selecção que despertou o interesse dos estrangeiros, foi a nossa.

Vinte anos depois, repetiu-se um jogo histórico: Portugal-Brasil, uma reedição da final inesquecível de 1991 em que a selecção portuguesa se sagrou campeã do mundo. Entre os miúdos da altura incluíam-se nada mais nada menos que Figo, Rui Costa, João Pinto, Jorge Costa, entre outros, que acabariam por escrever uma bela história no livro do futebol português. O desfecho glorioso não se repetiu, mas pela garra e qualidade desta selecção, só podemos desejar que os novos vice-campeões do mundo de Sub-20 tenham um destino semelhante. O país pode estar a passar por uma fase difícil mas a qualidade dos portugueses não entra em crise nem passa despercebida aos olhos do resto do mundo.

4-09-11

Nenhum comentário:

Postar um comentário