quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Tostas mistas

Não sou uma jovem esquisita. Sempre fui apreciadora de (boa) comida e penso que sei identificá-la com distinção quando a provo. A comida caseira espanhola já está aprovada, pelo pouco que tive o prazer de experimentar em Don Benito. Não bate a comida portuguesa mas sim senhor, bem boua. Dei-me foi conta que na parte da pastelaria isto é uma miséria. Já em Sevilha (aiiiii, o tópico sobre Sevilha que nunca foi escrito...) tinha experimentado tomar o pequeno-almoço numa pastelaria que tinha uns 200 anos e aquele ar fofo e super bom que as nossas pastelarias com 200 anos têm. Pena que se fique pelo ar porque aquele bolo de super bom não tinha nada. Tudo vai do gosto próprio de cada um mas arrisco-me a dizer, com base no pouco que já provei, que nisto os espanhóis são autênticos amadores em comparação com os portugueses (algo me diz que alguém vai ler isto e hoje na aula vou levar nas orelhas...). Lembrei-me de falar em pastelarias porque na terça, durante a aula de francês na qual quase adormeci once again, entrou-me um desejo enorme de comer uma tosta mista. Assim sendo, lá esperei um bocadinho até ser hora de ir ao sítio do costume tomar qualquer coisa com os alunos. A pastelaria tem bom aspecto e decidi arriscar ao pedir o pãozinho com manteiga, fiambre e queijo. Acho que tosta mista aqui se pode chamar de "biquini" mas ninguém come portanto foi melhor discriminar cada coisa. Apareceram-me com uma tosta como apresentam a torrada, duas fatias de pão com a manteiga, fiambre e queijo por cima. Não posso andar a exigir que me façam uma tosta mista só porque me apetece quando não é um costume espanhol mas devia-me ter ficado pela torrada porque o queijo e o fiambre estavam lá mal. O sumo de laranja natural, esse sim não engana.
Seguiu-se a única aula do dia com a turma predilecta. De certeza que fiquei estupidamente corada com o início da aula graças ao Jacques. Tinha-lhe perguntado no dia anterior qual a opinião dele sobre a possibilidade de eu ficar por cá mais um ano. Ele tinha sido muito pouco claro ao dizer apenas que era decisão minha mas lá me disse que tinha muito gosto que ficasse, que me via verde ao início mas que estava melhor, mais à vontade. Fiquei toda babada, claro! Consigo avaliar-me bem e sei que sim, que estou bem melhor, e sinto-me mais liberta na aula. Falo sem problemas, faço rir... até gosto da coisa de gerir a aula à minha maneira. Sei que peco ao corrigir pouco mas tenho tentado fazê-lo mais. E isto lá vai andando... mas não, continuo a não querer ser professora. Há pequenos momentos em que sim, no meio de uma aula ou outra. Mas são poucos.
Na terça foi também dia de sobreviver a mais um treino, sei que digo muitas vezes o mesmo mas fico contente por não vomitar porque às vezes parece que é isso que vai acontecer. Eu até tinha pensado "epá, tu não vais mais, és uma cepa que andas para ali, provavelmente nunca vais fazer nada de jeito, fica é em casa..." e outras que tais que me ocorrem pouco porque não sou deste tipo de pensamentos. De vez em quando lá aparecem mas o tico e o teco não lhes liga muito que esta pessoa não desiste de nada, muito menos se gosta. E portanto lá saí do treino toda contente e com a pica toda. Errei imenso como sempre mas já fiz mais coisas de jeito e senti-me espectacular por isso. Toda a gente insiste em perguntar quando começo a jogar, se já estou pronta, que não pode ser só treinar a menos que não queira, de facto, jogar (isto tudo com as meninas que jogam na regional, as da 2ª divisão já estão bem mais à frente). O próximo jogo é no sábado, em Cáceres, e já estava a pensar em pisgar-me para Salamanca para aproveitar o fim de semana grande (segunda não se trabalha porque é dia do professor - descobri que aqui todas as profissões têm o seu feriado - e às sextas, para quem não sabe, nunca trabalho... até começar o outro, aí já fico sem a bela da sexta durante dois meses) mas sou capaz de ir com as meninas e seguir para Salamanca desde Cáceres. Tenho menos tempo mas quero comprometer-me com a equipa e estar presente, já no fim de semana passado queria tê-lo feito.
Já agora, aproveito para vos dar conhecimento do meu masoquismo. Ontem levei 3 caneladas na perna direita... e ri-me! Levei a mãozinha à pernoca e fiz aquela cara de quem levou e ficou dorida mas depois lá sorri sozinha ao pensar "olha, estou a jogar futebol a sério e levei pela primeira vez... que giro!". Eu sei que não bato bem da bola, mas lamento avisar que quem lê isto não deve ficar muito atrás...




Um comentário:

  1. É verdade nossas pastelarias perderam a sua essência, mas tens de fazer como com a comida "salgada" experimentar com pasteis caseros ou tradizionales. Tenho de procurar-te alguns, já vais ver que também são bons. Ainda que começo pensar que não tenho critério, gosto dos pastéis demais, jejejeje.
    MPM

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